A
proximidade do final do ano e, portanto, o encerramento do ano letivo está provocando
em alguns alunos do nono ano de minha escola uma mudança de comportamento, alguns
alunos parecem que estão percebendo que dentro de poucas semanas aquele espaço
que frequentaram por tanto tempo não fará mais parte de sua rotina. Este
sentimento tem ficou claro para mim e para alguns colegas, notamos que muitos
alunos têm vindo no turno inverso para estudar ou ajudar algum professor, como
foi meu caso na semana passada. Mas esta minha observação, em relação, ao
sentimento dos alunos do nono ano, foi provocada por um adolescente que foi meu
aluno na segunda serie e me cobrou como eles
não haviam estudado sobre os vulcões naquela
época, e que até seria interessante voltar a estudar no segundo ano.
Se quisermos que os
alunos recordem melhor ou exercitem mais o pensamento, devemos fazer com que as
atividades sejam emocionalmente estimuladas. A experiência e a pesquisa têm
mostrado que um fato impregnado de emoção é recordado mais sólido, firme e
prolongado que um feito indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno
tente afetar seu sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos importante que
o pensamento (VYGOTSKY, 2003, p.121)
A situação a cima descrita fala das
relações afetiva que são tão importantes
dentro do ambiente escolar, assim como o lúdico, considero o afeto um
aspecto muito importante para criar um ambiente
favorável ao desenvolvimento não somente em termos de aprendizagem
como do aluno como um todo, revisitando
minhas antigas postagens havia uma que
falava sobre o afeto
e a educação
Analisando o que escrevi posso dizer
que, como disse anteriormente, o afeto a interação entre o professor e seu
aluno é fundamental para não somente o aprendizado ocorra mas que seja
estabelecida um sentimento de confiança daquele aluno em relação ao seu
professor.
No entanto, tenho percebido que muitas vezes as crianças não são
receptivas a um passar de mão pelo cabelo, por exemplo, ou a uma brincadeira
enquanto outros pedem que ela ocorra, estas observações vinham me inquietando,
em maio desta ano em uma palestra na Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
a Professora Drª Tânia Fortuna no
decorrer de sua fala sobre a importância do brincar tocou em um aspecto igualmente importante quantas vezes invadimos o espaço de nossos alunos, com atitudes que
julgamos carinhosas ,mas que para nosso aluno torna-se mais agressivo do que
carinhoso, quantas vezes palavras ou brincadeiras que são próprias de nossos
filhos repetimos com nossos alunos, esquecendo-se que cada família possui sua cultura
O que tenho refletido nestes últimos
tempos é a questão do olhar meu aluno, não se trata de não demostrar afeto
ou ter atitudes carinhosas, mas sim de perceber se aquela criança está me
autorizando a interagir com ela através de um abraço ou de uma brincadeira.
[…] Como professor […]
preciso estar aberto ao gosto de querer bem aos educandos e à prática educativa
de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que,
porque professor, me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual.
Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que tenho de
autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática
específica do ser humano. Na verdade, preciso descartar como falsa a separação
radical entre “seriedade docente” e “afetividade”. Não é certo, sobretudo do
ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo,
mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os
alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo ensinar. (FREIRE, 1996, p.
159)
É neste pensar de Freire que me encontro, na afetividade permitida, na
troca e no aprendizado. Penso que estas inquietudes fazem parte do meu construir
permanente enquanto educadora, nos estudos, nas trocas com colegas, mas acima
de tudo sempre vendo meu aluno como individuo que traz consigo uma bagagem não
somente de conhecimentos como emocionais.
Referência:
FREIRE,
P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
VYGOTSKY,
L. S. Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003.