domingo, 26 de junho de 2016

Na escola também se brinca!

      A escola é um espaço social muito diversificado,não somente por nele conviverem pessoas com hábitos e culturas diferentes como também pelos múltiplos conhecimentos que nela são construídos.
      Em termos de socialização é na escola que a criança vai se constituindo enquanto cidadã,pois, na esfera familiar  vão sendo formados algumas questões morais e culturais enquanto na escola outros valores são agregados aos  familiares. Paralelo a isto, a escola ainda tem  sob sua responsabilidade  a formação acadêmica destas crianças.
     A questão do brincar na escola é muito importante,o lúdico deve estar presente não somente na educação infantil mas em todos os anos da vida escolar das crianças. O jogo e a brincadeira são meios para que o aluno possa formular hipóteses e construir seu conhecimento, mas também é um momento de socializar com seus colegas e professores.        
   Quando professores e alunos brincam juntos estabelecem  um laço afetivo que auxilia na sala de aula abre-se um canal de comunicação em que o aluno reconhece no professor alguém que está ali para auxilia-lo em seu aprendizado.
   Ao trabalhar com jogos  na escola  o aprendizagem que resulta das conclusões que as crianças formulam são cheios de significados e portanto não somente eles aprendem como conseguem ver sua aplicabilidade em sua vida.
   Quando trabalhamos com jogos,música e brincadeiras precisamos estar preparadas não somente para o barulho e a movimentação que isto provoca em nossa sala como também para os olhares de reprovação vindos dos pais e colegas.Mas  agitação da aula é resultado da efervescência das crianças ao discutirem como solucionar um enigma, ou um dilema proposto em um jogo.As divergências que podem surgir também são um momento de aprendizado,a construção das regras, os questionamentos e o senso de justiça são colocados à prova durante os jogos,como resolver  estas questões? O professor atua como mediador, provocando a reflexão das crianças para que elas  encontrem uma solução para a discussão. De acordo com Collares,2008,p.5 "Apenas em situações em que o grupo não consegue gerenciar os conflitos é que o adulto é solicitado a intervir."
    O brincar na escola é cheio de significado,há os momentos do brincar pelo brincar e mesmo nestes momentos a conhecimento está sendo construído,é o esperar na fila para brincar,é o equilíbrio no pular corda, o respeitar as regras do esconde-esconde.Em outros o jogo tem um caráter pedagógico,um conhecimento que está sendo construído em um jogo de cartas,por exemplo.

Referência bibliográfica:

COLLARES,Darli.O jogo no cotidiano da escola: uma forma de ser e estar na vida. Projeto-Revista de Educação: o jogo na sala de aula. Porto Alegre:Projeto,v.8,n.10,out.2008

domingo, 19 de junho de 2016

No lugar do outro

   As últimas atividades de Libras,foram para mim muito provocativas. Em dois filmes Sou surda e não sabia e E se o mundo fosse surdo,  foram colocadas questões que me fizeram olhar o mundo pela ótica dos surdos,e esta foi a primeira mudança,até então pensava que seria correto falar deficientes auditivos e que o termo surdo fosse pejorativo e até mesmo ofensivo.No entanto, o que pude observar que não é termo que é ofensivo e sim a maneira que a comunidade surda é tratada pela sociedade,onde um direito tão básico quanto o de ter reconhecida  sua própria língua,Libras,longe de ser excludente é uma forma de identificar-se enquanto surdo.
    Dos dois filmes mencionados a  sinceridade do filme Sou surda e não sabia é tocante, ao longo do filme Sandrine coloca toda a sua trajetória  até construir sua identidade enquanto surda,fala do distanciamento dos pais, as dificuldades enfrentadas em uma escola regular. E neste ponto foi impossível não fazer relações com minha experiência em sala de aula.Nunca tive um aluno surdo,mas a estranheza que Sandrine sentia em meio a ouvintes imagino que seja bem próxima do sentimento que um aluno que possui dificuldades de aprendizagem sente ao ver que todos estão avançando no seu processo,e ele, ainda olha para as atividades e não vê sentido nelas. 
    Salvo as devidas proporções ainda estamos longe de poder atender com qualidade o aluno que não se encaixa no padrão que é considerado normal pela sociedade. Não temos apoio para trabalhar não somente com crianças surdas,mas também com crianças com TDH e portadoras de outras necessidades.
   Legislações existem para amparar não somente as crianças,mas também para garantir que os educadores possam desempenhar plenamente sua função. Infelizmente até o momento parece que estas leis ficaram em sua grande maioria no papel, sua aplicabilidade esbarra na vontade política que se esconde atrás do  velho discurso da falta de verba. 
   Enquanto as leis não saem do papel,vamos  fazendo o que podemos em nossas salas de aula,traçando estratégias,estudando,enfim, buscando uma forma de fazer com que nosso aluno se sinta pertencente não somente a sala de aula ,mas a sociedade como um todo. 

domingo, 12 de junho de 2016

Descobrindo as cores

     Nesta semana trabalhei com meus alunos o poema As borboletas de Vinicius de Moraes.Comecei colocando no quadro várias gravuras de borboletas,conversamos um pouco sobre o tema, quais eram as cores das borboletas que eles mais viam. Logo em seguida fizemos algumas atividades.
     Fico encantada de ver como eles gostam de trabalhar com poesia,música e artes. Mesmo aqueles alunos com mais dificuldades participam com muito entusiasmo das atividades como por exemplo a leitura do poema com entonações diferentes, não há a mesma resistência que existe em outras atividades que envolvem a leitura dentro da sala de aula. Todos os alunos gostaram muito do poema um aluno e, especial foi para casa recitando a última estrofe;"E as pretas, então Oh que escuridão!"
   Mas sem dúvida a atividade que mais gostaram foi a pintura da borboleta feita com o contorno de suas mãos e pintadas com tinta guache. Uma das alunas misturou branco e vermelho,resultando em rosa,bom a partir de então eles começaram a misturar as cores para formar outras cores e compartilhando com os colegas suas descobertas.Novamente eles me surpreenderam não foi necessário solicitar que não fizessem as misturas dentro dos potes eles mesmos se preocuparam com isto, tomando o cuidado para que não "sujassem" a tinta do pote. 
    Todas estas descobertas geram uma movimentação muito grande na sala, era um no grupo do outro para ver a nova cor ou aprender como ela foi feita. A grande poesia desta aula foi ver do que são capazes meus  alunos quando  dou autonomia para eles, a construção do conhecimento partindo das descobertas deles é um exercício muito mais para mim enquanto professora do que para eles, confesso que tenho que vencer meus receios,vão fazer sujeira, bagunça, não vai dar certo.... realmente em algumas ocasiões isto acontece,mas tudo faz parte do aprendizado, é refletir o que deu errado e tentar novamente.Pela minha experiência os sucessos são maiores que os fracassos e como disse aprendemos com nossos erros.




   

domingo, 5 de junho de 2016

Detendo o saber

      Aprender basicamente significa adquirir  um conhecimento que antes não se possuía. Mas a construção deste saber e a transformação deste da nossa vida e em nosso entorno é tão transformadora quanto o saber adquirido.
    A educadora Ester Pillar Grossi possui uma fase que considero muito instigante:"só ensina quem aprende",ou seja, estamos sempre em constante aprendizado,  não só para qualificar nossa prática enquanto educadores como para nos modificar enquanto pessoas.
    Ao cursar  pedagogia assumo o  papel de aluna,e neste papel muitas vezes me questiono quanto minha pratica como professora. Na última aula de Seminário Integrador aprendemos a utilizar uma nova ferramenta para fazermos mapa conceitual,cmap, durante a aula tudo muito tranquilo,mas fazer sozinha é que foi no mínimo desgastante. Mas depois de muito stress com a construção do mapa no cmap,veio uma satisfação muito grande de um saber adquirido   não somente por ter feito mas postado no lugar correto.
     Esta experiência relacionei com a dia a dia em sala de aula,primeiro quantas vezes falei  ou deixei de explicar determinadas coisas por considerar óbvias,quando  na verdade o alvo da atividade e da explicação não era eu e portanto talvez não estivesse sendo tão óbvia assim.Segundo, a importância das atividades destinadas para casa serem de pleno domínio de meu aluno,pois muitas vezes eles precisam fazer os temas sozinhos,cito  novamente Ester Grossi " o tema não deve ser desencadeante de conflitos". Terceiro  e isto tenho muito comigo em relação aos meus alunos, festejar o progresso por menor que seja,pois foi uma conquista  e como tal é importante  ou melhor muitas vezes eles estão tão acostumados  a  não serem estimulados que não conseguem perceber suas vitórias.
    Tenho um aluno que no início do aluno não reconhecia todas as letras do alfabeto,no primeiro dia que ele começou a ler, mesmo que silabando, foi uma emoção muito mais forte para mim do que no primeiro momento para ele pois, de acordo, com ele ler é "ler corrido",ou seja, sem silabar. Tive que conversar com ele  e mostrar algumas de suas atividades para só então ele se alegrar com esta grande vitória,agora ele pede livros para ler,não se importando como tempo que leva para terminar o livro e muitas vezes ele diz: -"sora aqui eu consegui ler corrido!".
     O prazer de aprender não se detém quando ele ocorre, e sim, na expectativa que a partir dele podermos construir outros saberes.