sábado, 25 de novembro de 2017

Como pensa,nossos alunos?



       O método clinico de Piaget possibilita que o professor conheça como seu aluno pensa e em que estádio do seu desenvolvimento ele se encontra.
      Com base na análise destes teste o professor poderá desenvolver atividades não somente que estejam de acordo com a etapa de desenvolvimento como principalmente fazer questionamentos que possibilitem que esta crianças avance.
       Tivemos a tarefa de aplicar em uma crianças um teste do método piagetiano, foi uma experiência  muito rica,pois, foi possível observar como cada crianças reagia frente a determinada prova, como organiza suas respostas.
       Diante desta experiência ,me pergunto, estes testes a exemplo das aulas entrevista do Geempa, norteiam o trabalho do professor uma vez que são realizados individualmente. Trabalhamos respeitando as diferenças de cada aluno,no entanto, o que geralmente fazemos é um avaliação igaul para todos e partindo dela separamos por grupos que em certa medida acabam por uniformizar as crianças,por exemplo, todos do grupo A são silábicos,os alunos do grupo B  ainda não tem conservação de massa... Mas será que todos pensam da mesma forma apesar de estarem no mesmo estádio de desenvolvimento?
       Sendo assim, seria muito mais enriquecedor para o processo de aprendizagem se os referidos testes fossem aplicados na escola,porém, esbarramos na falta de conhecimento dos pais e de algumas direções que consideram as testagem uma perda de tempo. E infelizmente isto ocorre em muitas escolas pois,nos enquanto, professores muitas vezes, não assumimos o nosso papel de especialista em educação, somos preparados para ocupar aquele lugar e portanto a nossa opinião deveria ser considerada como importante fator para as decisões dentro da escola.

domingo, 19 de novembro de 2017

Pensado sobre o preconceito

O Brasil te            
        O final da escravidão não significou o fim na separação entre brancos e negros e consequentemente do preconceito presente nas relações sociais. O racismo durante um longo período da história brasileira foi exercido explicitamente, não são raros os relatos de casos em que negros foram impedidos de frequentar lugares, integrar times de futebol, associações ou clubes recreativos, “em São Paulo, ‘a segregação atingia certas praças, avenidas ruas, e até bares. O espaço público ficava cindido: onde o negro colocava o pé, o branco não frequentava e vice-versa.” (Domingues,2000 apud GOMES, 2008 p. 273)
     O discurso vigente no Brasil é que não somos um país racista, pode-se até admitir que existem episódios de preconceito racial, contudo, estes não refletem uma prática da maioria da população brasileira. No entanto, de acordo com pesquisa realizada por Venturini e Paulino (1995) apud CAMINO, s.d. p 21 89 % dos brasileiros reconhecia a existência de preconceito racial no Brasil, mas somente 10% admitia ser pessoalmente preconceituoso.
      Com tudo, os dados acima, refletem que apesar das leis e das campanhas de conscientização contra o racismo, este continua ocorrendo em nossa sociedade, mas agora com uma outra apresentação, ou seja, os atos discriminatórios ocorrem de forma mais sutil, mascarado em brincadeiras e frases que aparentemente são carinhosas, mas refletem um pensamento racista que perdura há várias gerações. De acordo com LIMA e VALA, 2004, p. 403 “No Brasil, uma análise mais cuidadosa das características positivas atribuídas aos negros indica uma nova e mais sofisticada forma de preconceito, uma vez que os estereótipos positivos aplicados definem claramente papéis sociais específicos para este grupo.” 
      Com isto podemos perceber que  no imaginário social brasileiro, a figura do branco, do europeu, sempre esteve associada ao sucesso, a aspectos positivos. Ter a pele branca significa  de certa forma ser pertencente a categoria dos vencedores. Esta idealização de um padrão, europeu, também encontra-se no interior da famílias inter raciais , onde  o racismo ocorre, na maioria dos casos, de maneira muito mais sutil  se comparado com a sociedade como um todo,  mas nem por isto, deixa de ser  prejudicial  principalmente as crianças, que desde muito novas aprendem que ser chamado de negro é racismo mas ao mesmo tempo, são submetidas, principalmente as meninas a processos de alisamento de cabelo, com o objetivo de “tornar o cabelo bom”, liso. Ou seja, contribuindo desta forma para reforçar a construção negativa da auto estima destas crianças.
       Realizei com meus alunos uma atividade de autorretrato, levei para a sala um espelho e solicitei que cada um se desenhasse,após chamei individual para que me dissessem qual era sua cor.
      O autorretrato foi uma atividade que mexeu muito com algumas crianças principalmente duas meninas cujo o pai é negro e a mãe é branca, uma dessas alunas relatou por diversas vezes situações de racismo  sofridas pelo pai ou outro familiar, assim como, ela tem claramente na sua concepção que existe diferença de tratamento  relação as pessoas negras.
             Refletindo sobre esta atividade percebo como ainda tenho um longo a trilhar, se faz necessário   um trabalho efetivo contra o racismo e um resgate histórico em relação aos negros e sua cultura. Infelizmente nos detemos neste temas quando em nossas  salas  ocorrem  situações de preconceito ou na Semana da Consciência Negra. 
           Nós enquanto escola também,ao lado da família, somos um espaço privilegiado par resgatar a autoestima destas criança, reconstruir com ela a história de suas famílias, conversamos sobre a escravidão e seus malefícios mas também mostra a resistência deste escravos que se utilizaram de múltiplas estratégias para resistir e preservar sua cultura. Cultura esta que ultrapassa o mundo da música ou da culinária. Entretanto, para a escola ser um espaço de resistência e de resgate da cultura e da identidade africana, é necessário que os educadores estejam em constantes cursos de aperfeiçoamento, pois, muitas vezes reproduzimos em nossas sala o preconceito que julgamos estar combatendo. “ É de suma importância que o/a professor/a se veja como produtor/a de história, de conhecimento de ações que podem transformar vidas, [...]” ( ROCHA e TRINDADE, 2006, p. 66).


Referências:

   CAMINO, Leoncio, et.al. A face oculta do racismo no Brasil: uma análise psicossociológica . Revista psicologia política

GOMES,F.R., MAGALHÃES, M.L. Sport Club Cruzeiro do Sul e Sport Club Gaúcho: associativo e visibilidade negra em terras de imigração europeia no RS.  RS- Negro cartografias sobre a produção de conhecimento.  Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 2008.

LIMA, Marcus E. O. . VALA, Jorge. As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Psicologia, 2004, 9 (3), 401 – 411.

ROCHA, R. M., TRINDADE, A. L. (org.)  Ensino Fundamental. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais.  Ministério da Educação / Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: SECAD, 2006.

 SENKEVICS, Adriano Souza, et. al. A cor  ou raça nas estatísticas educacionais: uma análise dos instrumentos de pesquisa do Inep. Brasília -  DF Inep/Mec, 2016

SILVA, Petronilha B. G. Aprender, ensinar e relações étnico-raciais  no Brasil. Porto Alegre/ RS, ano XXX ,n. 3 ( 63) p. 489 -506, set./dez. 2007
  

domingo, 12 de novembro de 2017

Olhares aos nossos alunos



   Um artigo da secretária  de São Paulo,intitulado Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos,nos possibilita uma reflexão sobre como olhamos para aquele aluno que se destaca dos demais por possuir um conhecimento maior, seja em relação aos conteúdos trabalhados  em aula seja em conhecimentos fora do ambiente escolar.
    Normalmente nos preocupamos com aqueles alunos que não conseguem acompanhar o ritmo da turma ou que apresentam  muitas dificuldades, para estes pensamos em jogos,estratégias diferenciadas, chamamos os responsáveis,enfim fazemos todo o possível para que as dificuldades sejam sanadas. Mas e o aluno com altas habilidades? Bom sobre estes dizemos, -Está vendo aquele aluno? Excelente, um aluno que nós não fazemos diferença damos a deixa e ele vai sozinho,não preciso me preocupar com ele,já aquele ali.....

    E com pensamentos como estes esquecemos que um aluno com altas habilidades precisa ser provocado tanto quanto o com dificuldades, ele pode aprender sozinho, mas o estimulo precisa ser dado, as atividades necessitam ser provocativas, instigar a curiosidade deste aluno.Quantos alunos que eram considerados excelentes,se destacavam na turma nos anos iniciais e ao ingressarem nos finais tornaram -se mais um aluno? Precisamos parar e olhar nosso aluno como único, mesmo dentro de um grupo em que todos estejam no mesmo nível de aprendizagem cada integrante possui suas especificidades.






Referência: SÃO PAULO (estado. Secretária de Educação. Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos/Secretaria da Educação,CENP/CAPE;organização,Christina Menna Barreto Cupertino.- São Paulo:FDE,2008

domingo, 5 de novembro de 2017

Dialogicidade


  No capitulo  dialogicidade, Paulo Freire fala sobre a importância da relação dialógica no universo da sala de aula, em que o professor que se considera democrático precisa vivenciar na prática a dialogicidade com seus alunos e como o contexto social que os cerca. Para Freire (2000, p. 81) “ [..] Os educadores verdadeiramente democráticos não estão  - são  dialógicos. Uma de suas tarefas substantivas em nossa sociedade é gestar um clima dialógico.”
    Freire ressalta o fato de sermos seres sociais e históricos e, portanto, em frequente aprendizado e mudanças que são impulsionadas pela curiosidade e pela percepção do nosso inacabamento, “A consciência do inacabamento torna o ser educável.” (FREIRE,2000, p.75). Neste processo de aprender e construir-se, a curiosidade, o espanto diante do que nos é apresentado seja em termo de comportamento ou de conhecimento é o fator que nos move para a busca de respostas e consequentemente a conhecer e dialogar com o objeto em questão.
   Deste modo, muitas vezes a curiosidade presente no cotidiano onde os questionamentos não possuem um maior aprofundamento podem se tornar mais desafiadores quando as buscas pelas respostas forem movidas pelo desejo de saber como o processo ocorre, quais são os fatores que estão por trás de determinada ação.
   Neste contexto encontra-se a importância do ambiente escolar e do posicionamento do professor, os questionamentos dos alunos quando vistos como mais um meio do professor colocar o seu conhecimento em detrimento ao aluno, reafirmando a sua posição enquanto autoridade e detentor do saber dentro de sala reforça uma educação bancária que reproduz o sistema social vigente, “Nesse sentido, o anti-diálogo autoritário ofende a natureza do ser humano, seu processo de conhecer contradiz a democracia.” (FREIRE,2000,p.80)
    Mas quando o professor assume uma postura junto ao seu aluno de investigador, alguém que se dispõe não somente a ensinar, mas a aprender favorecendo em aula um ambiente de diálogo, confiança e trocas sua postura refletirá não somente o seu posicionamento enquanto educador, mas como cidadão. As questões em relação ao posicionamento do professor não somente em sala de aula mas enquanto educador, colocadas por Freire, são mais atuais do que nunca, uma vez que assistimos constantemente nas mídias que os grandes responsáveis pelos baixos índices da educação são os professores e sua formação insuficiente. “[...] uma política pedagógica baseada no tratamento digno do magistério, no exercício da sua formação autêntica. Somente a partir daí será possível cobrar-lhe eficácia.” (FREIRE,2000, p. 80)
    Freire ressalta que o dialogar com o aluno não significa “tagalerices”, o dialogar implica em alimentar da curiosidade, um aprofundamento nas questões que envolvem as dúvidas mas que não encontram-se à primeira vista, existe uma necessidade de debruçar-se sobre o objeto, um desejo verdadeiro em saber como tudo se processa, o autor fala em nossa finitude e tomada de consciência disto e a  importância de estarmos sempre inquietos, questionando, nos apropriando de novos saberes, posicionando nos  com propriedade frente as questões sociais  no intuito de modificar as estruturas sociais vigentes.


Referência : FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Ed. Olho dagua, 2000.