domingo, 28 de maio de 2017

Iguais nas diferenças


          

  Neste sábado, 27/05/17, participei de um curso ministrado pela psicologa Giane  Siciliani sobre TDAH e dislexia. Foi um bate bate muito interessante e elucidativo  sobre estes dois transtornos da aprendizagem.

  No caso específico do TDAH minha relação está além do ser professora, meu filho foi diagnosticado com TDAH  com dezesseis anos,até chegar a este diagnóstico foi uma dura e dolorosa peregrinação entre médicos e psicopedagogos.Meu filho desde que entrou na escola sempre teve acompanhamento de psicopedagogos e mesmo assim, não foi possível,até encontrar um bom neurologista evitar todo o sofrimento que  na escola, sempre sendo apontado como preguiçoso, desinteressado, frequentemente ouvíamos de professores e orientadores da escola: "Ele não presta atenção." "Ele não termina as avaliações, por que fica parado olhando pro teto ou brincando com o lápis." Ele até se esforça... mas tem muita dificuldade, talvez ele tenha  uma lacuna na alfabetização." 

    Enquanto professora, também vivencio o outro lado da história do meu filho, que é ter um aluno com TDAH e por mais tenha a minha experiência pessoal e lido sobre o assunto ainda não me considero totalmente capacitada para trabalhar com estes alunos. Pois  as  crianças com TDAH podem não apresentar as mesmas necessidades, uma podem ser mais auditivas, outras mais visuais.Algumas irão necessitar de medicação outros não.

    Dentro do universo da sala de aula  as crianças, como sabemos não são iguais e mesmo aquelas que apresentam  estas dificuldades de aprendizagem também possuem suas diferenças.Deste modo precisamos tratar cada um de forma diferente mas de maneira igual, ou seja, com respeito, sem chamar a atenção para as dificuldades. No curso  Giane passou  algumas sugestões e uma delas que considerei muito interessante foi como explicar para os pais ou para os outros colegas  o motivo  de um aluno estar  fazendo uma atividade diferenciada, no caso dos pais: " o senhor e o pai do fulaninho pensam igual? Vocês agem da mesma forma na mesma situação? Então aqui também eles farão atividades  diferentes. Para os alunos "hoje ele está fazendo esta atividade diferente  amanhã será você, vocês são todos iguais? Então porque precisam fazer as mesmas atividades?"

    Estes transtornos de aprendizagem  exigem que nós,professores, estejamos sempre  buscando nos  atualizar sobre estes assuntos para que possamos auxiliar as famílias e principalmente nossos alunos, pois, infelizmente na maioria das escolas o único recurso que temos disponível são o apoio das colegas,as trocas de experiências do que foi positivo ou ou com determinados alunos.
      Deixo como sugestão o filme Como estrelas na Terra que trata de um menino dislexo e o papel do professor em sua vida. Segue um link com um trecho deste filme em que o professor explica para turma o que é dislexia:

https://www.youtube.com/watch?v=roTYfQ4pCJc

domingo, 21 de maio de 2017

Velhas novidades


     Nesta semana iniciamos a interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental na qual assistimos a aula inaugural da Faculdade de Educação  da  UFRGS/ 2017 ministrada pelo Professor  Carlos Roberto Jamil Cury.

   No decorrer de sua fala  professor Jamil Cury  estabelece relações com períodos históricos brasileiros e as modificações nas leis que regem a educação brasileira. A reforma do Ensino através de modificações na LDB , nos faz refletir não somente sobre os rumos da educação no Brasil como principalmente  sobre o cenário político- econômico que vem se formando e seus desdobramento para todo o país.

    A reforma  do Ensino Médio,que de acordo com seus defensores permite que os jovens escolham não somente as disciplinas que desejam cursar  como  em ter  ou não, uma formação profissional ao sair da escola. Precisa ser discutida a luz do cenário político -econômico que  o Brasil está vivendo, em nossa história recente reformas como esta do ensino médio já foram implementadas, apesar do período histórico ser diferente as intenções são muito diferentes.

    Enquanto os alunos oriundos de camadas populares precisam optar por qual disciplina devem escolher e  como esta escolha poderá influenciar em sua vida quando desejarem se aposentar, o currículo  daqueles que podem cursar uma escola particular contempla cada vez mais disciplinas e atividades que possibilitam a eles não somente um conhecimento maior como explorar ao máximo suas potencialidades.

     Como foi muito bem colocado pelo professor Jamil, que aluno de quinze anos tem maturidade  e interesse  em optar em ter aula de História, por exemplo?  As escolas estão preparadas para ofertar aos seus alunos  os cinco eixos? 

      Desta forma,a maioria dos estudantes irão optar  pelo curso profissionalizante ou para aqueles alunos que almejam cursar uma universidade por aquele eixo que contempla as matérias mais "importantes" e possuem mais peso no vestibular.

      Concordo com  o professor Jamil é necessário se discutir este novo Ensino Médio, assim como, repensar como estamos formando nossos alunos no Ensino Fundamental.Será que não estamos exigindo deles cada vez menos? Quando debatemos  em nossas escolas que as famílias não valorizam a educação e por este motivo a cada ano eles vem sem noções básicas ,como por exemplo, em que situações usamos números ou letras,não estamos inconscientemente repetindo um discurso elitista? Realmente não podemos negar que nossas crianças em sua maioria não  possuem, em suas casa, um ambiente alfabetizador, mas acredito que precisamos debater  estas questões para que a trilha sonora das próximas gerações não seja a música do cantor Zé Ramalho,Admirável Mundo Novo.  
  

domingo, 14 de maio de 2017

Dia das mães X Dia da família.



  
    Na sexta-feira,12 de maio, ocorreu na minha escola um chá em comemoração ao dia das mães.Como é tradição, este evento foi marcado por apresentações e muitas fotos e choro dos espectadores. Mas as semanas que o antecederam,  foram marcadas por discussões entre o grupo de professores dos anos iniciais e a direção da escola. 

  O debate centrava-se principalmente na permanência de um evento que não condiz com a realidade da maioria de nossos alunos. Atualmente as mães por inúmeros motivos estão longe de ser aquelas mães apresentadas em campanhas publicitárias e em muitas atividades que se encontram na rede mundial de computadores.


   As famílias nestas últimas décadas vem se transformando, há famílias que possuem duas mães ou dois pais, que os avós cuidam, famílias em  que só existe a figura de um dos pais, enfim família pode ser formada de várias maneiras,portanto, teoricamente família é um grupo social em que um cuida e se preocupa com o outro.Nestes casos as festas das mães pode ser vista como uma celebração.

   Mas como fica aquela criança que a mãe abriu mão de estar com ela por causa do novo companheiro? ou foi vítima de abuso sexual  por parte da mãe?  Como podemos cantar uma música em que estas crianças pedem perdão a mãe por não serem obedientes? Como podemos fazê-las declamar um texto que exalta as virtudes de uma mãe amorosa e zelosa?

  Este debate em relação ao dia da família substituir o dia dos pai e das mães se faz necessário. Não se trata de simplesmente substituir um pelo outro, mas, de como a escola  e a sociedade em geral  irão tratar com questões tão delicada como o abandono afetivo e outras questões das quais nossas crianças são vítimas. Da mesma forma que precisamos estar atentos a estas questões não podemos esquecer daqueles que possuem um família estruturada, independente de ser da forma tradicional ou não e que gostam de homenagear seus pais ou cuidadores.

     Assim como, debatemos os caminhos que precisamos trilhar  com nossos na construção do seu  conhecimento,também, precisamos  discutir questões que apesar de não serem de nossa alçada se fazem presentes em nossas salas de aula, principalmente quando convivemos diariamente com nossos alunos e seus dramas pessoais.

    
   





domingo, 7 de maio de 2017

Quem precisa de polícia?


    "Policia para quem precisa de polícia" esta frase pertence a música Polícia do grupo Titãs   e representa  a visão que alguns de meus alunos possuem a respeito da polícia, principalmente da militar. Nosso projeto de pesquisa é sobre a policia tanto civil quanto militar, mas durante nossas conversas  foi possível perceber o quanto muitos deles trazem consigo uma visão de uma policial que possuem desvio de conduta, que atua somente na repressão utilizando-se de meios violentos e age desta forma somente em sua comunidade por se tratar de pessoas com poder aquisitivo menor.A relação que possuem com a policia é da repressão, do medo mais do que do respeito.

    É interessante notar que  em sua maioria as crianças não conseguem visualizar no trabalho policial atitudes que visam auxiliar a comunidade.   A vida nestas comunidades é complicada por uma série de fatores; ausência do poder público, segurança e muitas vezes estes jovens que buscam uma vida melhor possuem somente duas escolhas, que acarretam  consequencias para sua viida tanto em sociedade como em sua comunidade.


   Paralelamente a isto, há um grande problema social, pois, onde o poder público não é atuante não se faz presente de maneira eficiente, acaba abrindo espaço para o poder paralelo. Desta forma as crianças se veem desde cedo no meio desta disputa de poder, ainda muito jovens convivem com tiroteios e assassinatos  de tal forma que em pouco tempo torna-se "comum" desviar de um corpo na rua.

    Espero que no final de nossas pesquisas as crianças possam responder a esta minha pergunta:Quem precisa de policia? A grande questão para eles, neste momento,  é a motivação de quem escolhe esta profissão é a de  deseja ajudar as pessoas, mas as questões acima de certa forma permeiam  a hipótese  deles. Conhecendo a profissão, as motivações  eles possam formular novas hipóteses, novos pensamentos e transmiti-los a suas famílias, pois, até o momento suas posições refletem o que eles veem e ouvem em casa, na mídia e em sua comunidade.